O ABC da Morte
Ontem em um final de dia sem muito o que fazer, eu acabei ligando a televisão no canal HBO Plus e chamei minha irmã que é minha companheira mais corajosa de filmes de terror. O ABC da Morte é um filme que usa a liberdade criativa de vários diretores do mundo, sem nenhuma intervenção externa na criação de vários curtas com o tema morte. Cada um foi sorteado com uma letra, pensou em uma palavra e criou seu curta. Há curtas de animação em massa de modelar, desenhos, filmes…
É claro que podemos ver nos curtas a manifestação cultural de cada cultura de cada país envolvido, por exemplo nota-se a obsessão dos orientais, por perversões sexuais das mais diversas, o que às vezes pode fazer alguns espectadores não acreditarem no que estão vendo.
L de Libido do diretor Timo Tjahjanto
Outra obsessão são as velhas estórias de mangá/anime em que aluno(a)s são seduzidas por professore(a)s. mas claro, também há muita crítica envolvida à História do Japão, a questão ainda não tão bem resolvida das bombas nucleares e deformações congênitas de várias gerações de japoneses e a dominação americana dentro do território japonês. Então é preciso ir além do que vemos para interpretar culturalmente as estórias e seus criadores.
Há ainda uma homenagem aos filmes de samurais, em que o rosto de um dos samurais se transforma, lembrando gravuras japonesas, até cometer seppuku, em J de Jidai-geki (Samurai movie) dirigido por Yûdai Yamaguchi.
Outra crítica interessante que noz faz lembrar de antigos desenhos animados do lobo seduzido por alguma espécie feminina é H de Hydro-Electirc Diffusion dirigido por Thomas Malling.
A clássica cena do lobo seduzido pela mulher, o arquétipo do desejo masculino e sedução feminina
Em uma atmosfera quase dieselpunk, nos lembrando da segunda Guerra Mundial, um cachorro humanóide representado pelos Estados Unidos é seduzido por uma mulher raposa, nazista. Uma homenagem ao Furry Fandom, uma subcultura identificada por personagens que misturam características antropomórficas de animais e pessoas. Há também um fetiche sexual por trás da figura dos furrys.
Há espaço para críticas há questão dos atuais padrões de beleza das mulheres, como o caso de Xavier Gens com o curta X de XXL, em que uma moça gordinha cansada de ser pressionada por padrões de mulheres magras (as mulheres francesas são reconhecidas por sua magreza, sendo o lugar do luxo e da moda sabemos o porquê) acaba cometendo um ato insano.
Eu gostei muito de D de Dogfight de Marcel Sarmiento por nos trazer a atmosfera dos clubes de luta, de forma nua e crua envolvendo pessoas de diversas faixas etárias e origens étnicas. Dá para sentir o calor e a tensão envolvidas na prática e com um final surpreendente.
Outro que eu realmente gostei foi S de Speed, dirigido por Jake West. Um cenário de deserto e duas mulheres sexys com roupas de látex acabam descobrindo a morte através da sombria verdade por meio de um delírio. Uma homenagem mórbida à Death Proof (2007) de Tarantino ou Faster Pussycat! Kill ! Kill! (1969) de Russ Meyer,
Há ainda espaço para paranormalidade futurista em um ambiente completamente cyberpunk criado por Kaare Andrews em V is for Vagitus (The Cry of a Newborn Baby), uma versão apocalíptica e crítica para como o ser humano irá lidar com a superpopulação do mundo. E um arquétipo de um messias com poderes sobrenaturais. me faz lembrar o trecho da bíblia em que Herodes manda matar todos os bebês com a finalidade de assassinar Jesus Cristo.
Em Y de Young Buck de Jason Eisener, um garoto se vinga usando elementos simbólicos de seu agressor pedófilo.
Obviamente, não consegui lembrar de todos os curtas, porém tem outros tão interessantes quanto. É para assistir sem carregar nenhum tipo de preconceito que abale a interpretação do que está vendo.
As tattoos de Josh Todd
“Quando você está na escola, você está atravessando a puberdade e está passando por essa fase estranha em que você está se tornando um adulto, mas você ainda é uma criança. A música tem tanta influência sobre você nesse ponto. Eu queria fazer um filme sobre aquele tempo”.
(Josh Todd falando sobre o suicídio do pai e da criação do curta-metragem análogo ao lançamento do álbum “Confessions”. )
“Músicos vão ser bons enquanto estão na sua frente, quando você estiver longe, eles começam a falar merda pelas suas costas. Então, eu realmente não estou afim de ser amigo de muitos músicos. “
(Josh Todd)
Josh Todd é o vocalista da banda de hard rock Buckcherry. O que eu mais gosto no vocalista é quando ele valoriza temas sérios em seus álbuns, músicas e clipes. Eu amo hard rock, mas convenhamos que o legado dos anos 80 muitas vezes é reconhecido pela diversão apesar de ter muitas letras sérias, as que acabam fazendo mais sucesso são as que falam de assuntos amenos. Muitas bandas sérias tratam de assuntos que vão muito além de chorar por um caso de amor perdido, como por exemplo o Guns N’ Roses, o Buckcherry, Van Halen, Whitesnake e tantos outros. E eu acho corajoso quando o cantor expõe fatos de sua vida em seu trabalho. Ou coloca questões delicadas, ainda mais hoje em dia em que falar assuntos sérios é quase que parecer depressivo. Estamos em um modismo do “vamos ser felizes”, “vamos fingir que estamos bem”… Não se trata disso. As pessoas precisam perceber que a vida é feita de eventos ruins e você deve aprender com eles. Quando tinha dez anos o cantor Josh Todd chegou em casa e encontrou seu pai morto, ele havia se suicidado. Anos mais tarde Josh Todd usa esse evento na ideia de um curta-metragem que acompanharia o lançamento do álbum “Confessions”. Segundo ele o filme é vagamente baseado em sua história de vida.Não deixa de ser uma maneira do cantor expurgar os sentimentos em relação ao seu pai e tentar tirar lições de vida sobre o ocorrido.
Josh diz que fazer um disco em torno dos pecados é algo Keith Nelson e ele conversaram por muitos anos. Muitas pessoas abordam o assunto em bandas e em filmes, nós queríamos fazer algo com a nossa própria opinião sobre isso.
No início, achamos que seria apenas fazer sete canções sobre os sete pecados e lançar um EP. Quando chegou a hora de fazer um registro, Josh viu que realmente precisava de mais do que um EP. Ele diz que teve a ideia de sete canções para Sete Pecados e quatro elementos. É aí que músicas como “Air” e “Water” vieram.
O clipe “Glutonny” cita o pecado da luxúria e gula, enquanto “Nothing Left But Tears” reúne todos os pecados em uma espécie de “santa ceia”, em que o convidado principal é um homem que cometeu suicídio e um crime passional. Por fim esse homem tem seu destino revelado, ele é o pecado da ira. Ambas fazem parte do álbum “Confessions”
Na época segundo o próprio Josh Todd, ele também estava escrevendo um roteiro sobre a própria vida, quando era mais novo e alguns eventos o moldaram como artista. Segundo Josh, Stevie D. veio em um dia e disse que deveriam fazer um curta-metragem que iria junto com o EP. Então Josh Todd pensou que era uma ótima ideia.”Fui para casa, condensado minha própria vida e várias coisas que me aconteceram”- (Josh Todd)
O enredo do filme “Confessions” gira em torno de um garoto de 17 anos, que chega da escola, encontra seu pai morto e constata que ele cometeu suicídio. O garoto através de um processo de luto, se manifesta através dos sete pecados capitais. Durante essa época, ele começa a perseguir uma garota na escola que é o oposto polar dele. Esse garoto do filme é aquele f*d*d* em que todas as coisas acontecem para ele. No filme ele faz amizade com um sacerdote católico, que não é um padre normal. O padre estava no funeral de seu pai, ele é todo tatuado, é um ex-drogado que encontrou Deus e chegou ao outro lado. O garoto encontra conforto nesse cara e aprende a perdoar seu pai. O rapaz se liga a menina encontrando alguém com quem se identificar. Josh Todd afirma que é complicado trabalhar com cinema, pois o investimento é grande e nem sempre há patrocinadores.
Fora o projeto citado, Josh sempre sempre demonstra seriedade sobre temas espinhosos que devem ser tratados com respeito. Em “Check your head”, mostra sua preocupação sobre o fato de jovens morrerem ao usarem ácido ou devido à depressão de ter fotos expostas na internet ao ser fotografadas nuas . Nessa música ele também usa de suas experiências pessoais, na escola ele tinha um amigo chamado Nick que morreu de overdose de ácido aos 18 anos. Jesse era uma garota que costumava falar com Josh sobre as coisas que seu pai fez com ela e posteriormente ela acabou se suicidando quando tinha 13 anos.
Mas nem tudo é tragédia na vida de Josh Todd, ele é um cara bem “família” e preocupado com quem ama. Além disso ele tem suas distrações, ele adora andar de skate e jogar futebol. Famoso por ser uma pessoa de muita atitude, Josh Todd afirma que não tem muitos amigos como você vê na citação que abre esse post. Um de seus amigos é o cantor Kid Rock: “- Ah, eu gosto de Kid Rock! Ele é um cara verdadeiro e eu o conheci antes dele começar a ter muito sucesso. Ele sempre foi o mesmo cara e eu gosto de pessoas assim. Isso é legal para mim. Estive na música desde que eu tinha 15 anos, então eu só gostaria de ter amigos normais”.
Josh também é ator e tem atuado em vários filmes bons, como o ótimo “Salton Sea” (eu ainda vou falar dele aqui) um filme noir sobre o submundo das drogas e do meio underground dirigido por D.J. Caruso.
Josh Todd é um comparsa do “Urso Pooh” (Vincent D’Onofrio), um traficante no filme “Salton Sea”
Josh Todd, Val Kilmer e Danny Trejo no filme “Salton Sea”
Outro aspecto interessante de Josh Todd são suas tattoos, ele tem várias e muito interessantes. Ele fala que queria ser tatudado aos 16 anos, mas o estúdio não deixou por ele ser novo. Então teve que esperar dois anos. Josh teve dois anos para pensar sobre o que ele queria, então ele escolheu uma Betty Boop que foi tatuada em seu pulso e que mais tarde ele cobriu. Ele diz que foi uma decisão horrível essa tattoo, ele realmente se arrependeu: “- Eu acho que todo mundo que tem um monte de tatuagens tem uma história de cobertura”.
Sobre a tattoo que mais gosta, Josh Todd é enfático: “Eu gosto dos meus joelhos … estes são os meus gêmeos (apontando para os crânios diretamente sobre a curva de seus joelhos). Eu gosto deles porque você não vê muitas tatuagens rótula. Sobre a dor, ele diz que enssa região é brutal (em cima dos ossos). Esses crânios foram feitos por Able Martinez no estúdio “Graffiti Tattoo em North Hollywood – Califórnia”.
Um pouco abaixo em suas pernas notamos as referências orientais feitas por Pee Wee Paul do estúdio Sunset Tattoo em Los Angeles. A máscara (hannya) foi feita por Horiwaka no Japão. As hannyas têm inúmeros significados como no tatro Noh do século XIV que são máscaras que representam humores e identidades das personagens. No budismo, hannyas são equivalentes dos intensos e confusos sentimentos humanos como o ódio, o ciúme, a tristeza, a paixão e o amor. Esses sentimentos em excesso poderiam as pessoas em hannyas. Antes do teatro, o termo hannya foi a transcrição em japonês para o sânscrito “prajna” que no budismo é sabedoria.
Outra no estilo oriental por Pee Wee Paul do Sunset Tattoo em Los Angeles.
Outra tattoo que Josh Todd gosta é a do suicídio do Rei de Copas, o único rei do baralho com uma faca em sua cabeça. Como Josh teve um suicídio em sua família (seu pai), essa tattoo acabou tornando-se especial para ele. Ela tomou muito tempo e lhe custou muita dor, Josh Todd foi ao estúdio durante quatro ou cinco meses seguidos de forma disciplinada pois sabia que poderia não ter coragem de terminar por causa da dor e por ser uma tattoo extensa. Essa tattoo foi feita por Kevin Quinn.
Josh Todd revela-se um fã da dualidade do ser humano, esse simbolismo é observado através de suas tattoos. No lado esquerdo do torso ele tem uma pin-up old school, Los Angeles, rosas e chamas. Essa tattoo foi feita por Kevin Quinn, o tatuador que mais fez tattoos em Josh e em todos os integrantes do Buckcherry. Os braços também foram cobertos por Kevin Quinn.
No lado direito, ele tem uma pantera e uma carpa koi, estrelas e água.
Outras bem expressiva é a palavra “Chaos” escrita, que representa bem a personalidade de Josh.
“Stay Gold” feita por Greg James no estúdio Sunset Tattoo em Los Angeles
No pescoço possui o nome de sua mãe, “Cynda” e algumas flores.
Josh é um cara cuidadoso quando o assunto são seus filhos. Ele possui uma filha jovem, disse para ela não levar para casa qualquer cara que se pareça com ele. Quando Josh Todd conheceu seu sogro, o último pronunciou que não era muito fã de tatuagens. E Josh respondeu com todo respeito e sinceridade que um dia o sogro não iria nem vê-las. Sobre seu sogro ele pronuncia, não julgue um livro pela capa. “- Meu sogro é da velha escola, para ele as tatuagens representam coisas que não são boas, como criminosos e coisas assim. Mas, eu queria que ele soubesse que há uma pessoa dentro de tudo isso; é apenas parte do meu show e o que eu gosto de fazer, eu sou um cara legal. “
Referências :
Tenho notado que apesar da falta de atualizações minhas estatísticas aumentaram, tenho muitos comentários para autorizar e responder . Meus leitores ainda não desistiram de mim (ainda bem). Muito obrigada pela fidelidade. Sobre mim, estou muito mas muito ocupada, o ano está passando e eu nem vi. Estou trabalhando em três lugares, o dia todo. Inclusive aos sábados. Por isso, infelizmente não tenho entrado aqui para atualizar. Esse ano conheci alunos e professores novos, estou vivendo/sendo feliz. Quanto ao dinheiro, esse eu nunca tive. Vamos levando, rs…
Atualmente o que mais faz sentido para mim no sentido do ensino de arte é o processo de criação artística. Isso vem me impulsionando no trabalho com os alunos do nono ano. Pedi para que fizessem um diário, o motivo é que conheçam melhor a si mesmos e possam identificar qual linguagem comporta melhor suas ideias (conceitos). Essa linguagem pode ser a música, a literatura, o desenho, o design gráfico, a fotografia, a performance, instalações…
No início não estava fluindo bem, porém agora a proposta começa a frutificar. Estão surgindo ideias muito boas e trabalhos muito bons. Meus alunos são naturalmente inteligentes e alguns já possuem ligação com a arte, somente nem desconfiam disso. Falta lapidar essa consciência e mostrar a intencionalidade na criação da obra de arte.
No meio do processo começo a redescobrir Michael Pitt, que é um ator que admiro muito, tanto por suas escolhas em filmes fora da zona de conforto quanto pelo seu envolvimento com a arte. Na minha adolescência, Michael Pitt era minha referência de beleza masculina, ou seja sempre o achei lindo. Eu o achava belo e maravilhosamente estranho, eu adoro gente bonita e estranha. Mais que isso ele tinha uma real vida underground fora das telas, o que o torna também uma referência artística das mais relevantes.
Michael Pitt e Jamie Bochert
Se eu fossse homem certamente teria um estilo parecido com o dele. Agora vamos parar com a a babação de ovo e falar do que é mais relevante, seu talento. É conhecido seu trabalho como músico dentro da banda Pagoda, assim como suas criações solo. Suas ideias de videoclipes são arte experimental pura, transbordando sua personalidade inquieta e obscura através da fotografia dos vídeos e através da sua música. Aliás Pagoda criou clipes especiais para o filme Last Days, que vamos falar agora.
Michael Pitt é Blake em Last Days: uma licença poética de Van Sant para falar de Kurt Cobain
Há um filme em que Pitt incorpora outra personalidade artística, a personalidade de Kurt Cobain. Last Days de Gus Van Sant mostra Kurt atormentado em seus últimos dias de vida. Também Kurt tinha diários e produzia muito de suas ideias para músicas através desse meio. Esse conjunto de escrita e desenho de Kurt foi chamado de Journals e ele nunca quis sua publicação. Cobain tinha mania de desenhar “cavalos marinhos grávidos” (para quem não sabe é uma das únicas espécies em que o macho é que espera a cria).
Trechos dos diários do Kurt Cobain (reunidos no que chamam “Journals”)
Pena que Kurt esqueceu o trecho “ame você mesmo”. Isso me faz lembrar o “Manifesto sobre a vida do artista” da Marina Abramovic: A relação entre o artista e o suicídio: o suicídio é um crime contra a vida. O artista não deve cometer suicídio. Longe de criticar, ainda acho que se Kurt deixasse de ser músico e fosse somente um artista plástico (ele tinha talento para isso, facilmente percebido através de seus conceitos), ele nunca teria cometido suicídio. O problema do Kurt foi a combinação de depressão, drogas e pressão de ser um rockstar. Os fãs e a mídia contribuiram para sua morte à medida que acreditavam que suas fotos com arma na cabeça eram uma maneira de chamar atenção para seu trabalho exaltando sua excentricidade. Kurt tinha problemas, muito graves. Courtney já havia o salvado do suicídio três vezes antes do seu fim.
Kurt Cobain desenhando quando era um garoto. Bem que podíamos cultivar a ingenuidade para sempre, mas um dia a gente cresce e vê que para sobreviver tem que ser forte. Kurt não conseguiu, quem sabe se ele tivesse continuado desenhando ao invés de ser uma estrela da música? O Kurt achava seus desenhos muito ruins, todos gostavam. Menos ele. Quando adulto ele dizia, “Ninguém morre virgem, a vida f*d* com todos nós”.
Quanto a parte do não ser sexista é fruto dos festivais de riot girls que ele frequentava, onde ele conheceu a Courtney. Kurt era um homem que abominava a misoginia.
Voltando ao Michael Pitt, aí está o rapaz em “Last Days”
Michael Pitt sempre agarra papéis que lhe agradam, pelo teor alternativo da narrativa ou pelo significado do trabalho. Eu não imaginaria o ator em filmes para as grandes massas americanas. Acho que ele sempre vai ser cult e restrito aos seus fãs e acho isso bem legal, ainda mais hoje em que as pessoas fazem de tudo por dinheiro e fama.
Eu adoro esse clipe e ele foi passado para mim por um amigo que sabe que gosto de Joey Ramone e Michael Pitt. É uma versão punk para o clássico de Louis Armstrong.
Michael Pitt tem um canal no youtube e imagina minha surpresa quando eu dei de cara com seus vídeos cheios de experimentações e citações neogóticas variadas. “Summon it”, chamou muito minha atenção, a ponto de ver exaustivas vezes. Primeiro porque Pitt incorpora o espírito sombrio que lhe é próprio, através de sua aparência, utilizando aspectos simbólicos como a casa abandonada, aves de rapina e o crânio de animal, além das locações que são extremamente interessantes, assim como a estória do clipe que nos faz lembrar alguma estória de terror em que o mal é aprisionado em uma casa. E de alguma forma é vencido no final, através do fogo.
Em “Rivers Tide” ele incorpora a mesma sensação de abandono, além das referências sombrias, porém com um ar étnico que lhe agrada. O clipe foi gravado em um deserto no Marrocos. Esse clipe tem a participação de sua namorada, Jamie Bochert que é modelo e também musicista (cantora/guitarrista/pianista).
Mas não é só com a música que Pitt desenvolve seu talento. esse vídeo dele é um processo de criação artística de intervenção em uma porta de madeira com desenhos, colagens, pregos e parafusos. Através dessa intervenção vemos que ele possui interesse pela mitologia indiana.
Enfim, vivemos em um período em que a contaminação das linguagens artísticas que a arte contemporânea promove está mais acessível que nunca. O que você está esperando para produzir arte, seja de qual forma for? A única coisa imprescindível é o repertório, criatividade e a inteligência. Além da ausência de preconceitos, consigo e com os outros. A arte continua sendo a única coisa que nos salva da realidade, mesmo a mais cruel.
O Estilo Pastel Goth
Diferente de outros estilos que nascem e posteriormente caem no esquecimento como o emo ou viram uma espécie de moda como o hipster (um nome atual para o que chamávamos de indie até uns anos atrás), creio que o pastel goth vá criar muitos fãs e fazer sucesso por aqui. Acontece que o estilo já é um sucesso lá fora e vem aos poucos entrando em nosso país e já podemos ver influências até mesmo em lojas populares.
Em todas as lojas que vou, até as mais populares, vejo a fonte “derretida” e assustadora em camisetas. É influência do pastel goth!
As roupas com cruzes de todas as maneiras, invertidas ou não também são! Assim como a estampa “galaxy” e a “febre” dos unicórnios.
Isso prova que nada nasce em vão. A criação do estilo foi viabilizada pela internet através do instagram, lookbook e outras plataformas da internet, através de garotas que postavam (e postam ) suas fotos com um estilo sombrio e assustador (goth) e coisas alegres, fofas e infantis (pastel). Mas como nada nasce de repente, visualizando os looks e o pessoal que vem aderindo posso afirmar que são fãs de cultura pop, tanto ocidental quanto oriental (japonesa). Se prestarmos atenção vemos influências de animes, mangás e até mesmo harajuku nos looks.
Não somente isso, há um gosto dos novos ilustradores de deviantart e tumblr nesses looks. Do lado goth não dá para negar a influência perky goth, só que agora com cores pastéis. Por isso eu que não me impressiono fácil com “modas” alternativas, venho me encantando com o pastel goth, acho que é uma genuína subcultura nascida multimídia e com garotas que não são celebridades ou estrelas do rock.
E aí, vai um botton da loja Gesshoku? Kawaii (cute) kowai (assustador)
Minha primeira incursão no meio foi ano passado, já comentei por aqui que não me considero otaku mas algumas coisas da cultura pop japonesa me encantam. Gosto do harajuku, de alguns animes e mangás assim como já comentei aqui que curtia lolita, gothic lolita, kodona (mas isso foi no passado). Mas os primeiros gostos permaneceram. Vou ser sincera que não me identifico com Japão em termos culturais, me sinto como Charlotte (Scarlett Johansson) em Lost in Translation, mas quando fui na Liberdade em São Paulo eu curti muito. Continuando, minha primeira incursão ao pastel goth foi ano passado, quando procurava bijuterias zombie na internet. Dei de cara com a Malice Store de Lua Morales/ Chemical (que aliás tem um estilo lindo com referências pastel goth). Comprei laços e um anel de olho, presilhas de ossos e um par de chifrinhos ( fiquei doida quando soube que ela faz em biscuit, porque são muito perfeitos). Daí foi um pulo, eu que tinha comprado esses acessoŕios para ornar com estilo gothabilly e rococo punk, que costumo usar (mas não somente estes estilos), acabei “estudando” aos poucos o pastel goth. Não que eu fosse aderir, porque não combina comigo. Mas para compartilhar aqui com vocês!
Alguns acessórios que comprai da Malice Store
Quais as características do estilo?
Cabelos em tons pastéis
Acessórios para cabelos como coroa de flores e arcos (com ou sem spikes), laços de olho, mãos de esqueleto e chifrinhos…
Os spikes e flores também estão em sapatos, roupas e acessórios
Elementos ao mesmo tempo fofos e sombrios, são próprios do pastel goth. Assim como as cores junto com o preto.
Alguns looks pastel goth, que equilibram elementos goth em preto e cores pastel com elementos coloridos e “fofos”.
Há também estilos parecidos com o pastel goth como o nu goth, influenciado pelo grunge (ainda vou abordar aqui). Sobre o pastel goth, alguns elementos eu usaria mas não todos. É um estilo muito fofo para minha personalidade. E vocês, o que acham?
O Grande Gatsby
“A vida é toda um processo de demolição. Existem golpes que vem de dentro, que só se sentem quando é muito tarde para fazer seja o que for. E é quando nós percebemos definitivamente que em certa medida nunca mais seremos os mesmos”.
(A Fenda – F. Scott Fitzgerald)
“Sua mente é poderosa, ela pode levar você à qualquer lugar nessa vida”. (Jay Gatsby)
F. Scott Fitzgerald, autor de “O Grande Gatsby” é conhecido como escritor da geração perdida norte-americana. Seus contos eram chamados de contos da era do jazz e refletiam o zeitgeist da época. Sua esposa, Zelda Fitzgerald, foi nomeada pelo marido como uma das primeiras melindrosas da época. O estilo de vida do casal se refletia na literatura de Scott, ambos eram jovens, belos, influentes, conviviam com os ricos, as festas e a descoberta de que nem tudo é tão belo quanto parece. F. Scott Fitzgerald morreu devido aos seus excessos com a bebida, que o deixaram frágil à outras doenças como a tuberculose e os ataques cardíacos. Ele faleceu aos 44 anos de um ataque cardíaco. Ele também é o autor de “O curioso caso de Benjamin Button”.
Os jovens F. Scott Fitzgerald e Zelda Fitzgerald
Leonardo DiCaprio é muito inteligente, eu admiro demais seus trabalhos. Partiu de filmes interessantes em sua adolescência (como Gilbert Grape em que ele dá um show ao lado de Johnny Depp) e apesar (não que isso seja um problema, mas a grande maioria das pessoas avalia os bonitos pela beleza, não sobrando nada mais que isso) da beleza, conseguiu se firmar como um ator fantástico que tem uma qualidade rara de transmitir empatia através de seus personagens. Tenho grandes filmes dele guardados como “Prenda-me se for capaz” de Spielberg, “O aviador” e “A ilha do medo” de Scorcese e a “A Praia” de Danny Boyle, enfim eu gosto muito de suas atuações. E DiCaprio é o tipo perfeito para papéis de época, que demandam um visual vintage, tanto pelo seu tipo físico característico quanto pela sua postura elegante. Tenho a mesma opinião formada sobre algumas atrizes como Cate Blanchett, Carey Mulligan e Michele Williams.
Já Baz Luhrmann é um conhecido de outra data de DiCaprio, quando ele era bem mais novo e atuou em seu Romeu + Julieta. Luhrmann foi bastante criticado com a produção de “O Grande Gatsby”, o acusaram de fazer uma produção onerosa, de “enfeitar” demais a narrativa de Scott Fitzgerald que por si só é um escritor que já possui um estilo rico e além do mais acabar com a narrativa do livro em prol do filme. Essa vai ser sempre a maior discussão ao se adaptar livros para roteiros e filmes, mas o cinema é outra linguagem e o diretor de cinema não pode expressar apenas o estilo do escritor mas também seu próprio estilo. Ou então o cinema não seria considerado arte, nem nos interessaria estudar diretores de cinema pelo seu estilo. E o estilo de Baz Luhrmann é luminoso, grandioso e luxuoso! Ele é um dândi do cinema. E dândi também é Leonardo DiCaprio fazendo o papel de Jay Gatsby. É maravilhoso vê-lo e estar com ele, de maneira que nos sentimos agraciados tanto por seu estilo apurado, seu porte elegante quanto pela sua presença agradável e carismática, sem contar suas palavras. Sim, me senti como Nick Carraway, o personagem de Tobey Maguire em “O Grande Gatsby”. Na minha opinião “O Grande Gatsby” é um espetáculo para os olhos sem perder a linha da narrativa. A começar pelos cenários luxuosos e pelo figurino, nada mais que joalheria Tiffany & Co. e figurino Prada. Pessoalmente eu amo o glamour vintage, isso também me incentivou a ver esse filme. A única queixa que faço é quanto à trilha sonora, Luhrmann é conhecido por trazer músicas pop, tal como hip-hop e rock para tramas de época. Mas nesse caso acho que o jazz foi protelado, o problema disso é que é a era do jazz. Não que não pudesse ter trilhas sonoras pop, mas o jazz poderia ser mais explorado.
O diretor Baz Luhrmann
O figurino teve a colaboração de Miuccia Prada e jóias de Tiffany & Co.
Era a época do charleston, a dança dos anos 20 por excelência, do jazz e da transformação do automóvel e da bebida alcoólica como “bens” atingíveis pela sociedade. É o período do pós-guerra em que há o empobrecimento de uma grande categoria da população, o enriquecimento de uns poucos sabe-se lá com o que, já que a ascensão do crime organizado e da corrupção é grande. E vemos isso tudo claramente no filme, as cenas que acho fantásticas são a passagem do mundo colorido e luxuoso dos mais abastados através de seus passeios de automóvel para o lado cinza da cidade, o lado pobre. O automóvel colorido dos ricos percorre o ambiente cinza, urbano das fábricas e oficina de automóveis, como se nada pudesse tirar a alegria e frivolidade dos abastados nem mesmo o ambiente externo real.
E aí entra o nosso narrador, o igualmente fantástico Tobey Maguire, fazendo o papel de Nick Carraway. Carraway é um rapaz humilde do meio oeste americano, trabalha na bolsa e ocasionalmente visita sua prima rica Daisy (Carey Mulligan), casada com um igualmente rico jogador de polo, Tom Buchanan (Joel Edgerton, que está a cara de Clark Gable no filme). Carraway apresenta uma decepção, ao qual ele chama de “nojo” de pessoas. Seu psiquiatra acha melhor que ele escreva contando o que aconteceu como se fosse um diário, dado que em determinado momento ele já não se sente à vontade para falar.
Carraway tem bastante admiração por um indivíduo chamado Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio), a melhor pessoa que ele já conheceu em vida. Carraway mora ao lado da casa de Gatsby, uma casa pequena e esquecida. Nick Carraway nutre uma certa curiosidade sobre Gatsby, porque sempre ouve falar dele mas não o conhece. Eis que ele percebe que Gatsby o observa à noite e um certo dia Gatsby envia um convite à ele, convidando-o para uma das inúmeras festas grandiosas em sua mansão. E Gatsby nunca havia convidado ninguém para suas festas, as pessoas simplesmente aparecem. Mas antes que possamos achar Gatsby fútil pelo seu modo de vida dispendioso e luxuoso, ele já terá arrebatado o coração de todos, Carraway, seus convidados, eu e você.
Minha vida, minha vida tem que ser assim. Cada vez mais alto.
E porque Gatsby parece tão interessante? Seu passado é obscuro, assim como a origem de seu dinheiro. Aí vem a indagação: Porque Gatsby é tão melhor que os outros ricos? No decorrer da trama vamos ver que os valores estão acima do que acreditamos ser o correto e bem além da hipocrisia generalizada. A corrupção, a traição… afinal não são nada perto do que um ser humano pode fazer por sua satisfação individual, passar por cima das pessoas, fazê-las sofrer, fazer com que percam suas vidas, emocional e fisicamente. Afinal sabemos que o que liga Carraway e Gatsby é a grande esperança no futuro e a fé nas pessoas. Nisso eles compactuam com o mesmo tipo de ingenuidade, que tranformará suas vidas em definitivo.
Gatsby tem a certeza que podemos repetir nosso passado, para que ele possa ser belo como deveria ter sido. Porém nunca podemos trazer de volta o passado, as pessoas do nosso passado e os sentimentos do passado, porque em certa medida não somos as mesmas pessoas do passado e muito menos as pessoas pelas quais nos apaixonamos permanecem as mesmas. Quem nunca imaginou ter vivido uma outra realidade, com a pessoa que amamos no passado? Como seríamos se tivéssemos tido uma chance? O que faríamos para ter essa pessoa novamente, quais coisas buscaríamos?
Eu obtive todas essas coisas por ela, todas essas coisas por ela.
E nunca podemos saber se o amor dessa pessoa é tão grande e tão sólido quanto o seu. E o pior, talvez aquilo que a pessoa que você ama procura seja qualquer coisa, menos o seu amor. Há determinados amores que trilhamos que são destruidores e o preço tende a ser mais caro que qualquer bem material. Pessoas descartáveis como bens descartáveis. Quando se tem qualquer coisa que queira é inerente achar que também as pessoas e seus sentimentos são assim.
A única coisa que nos salva se não é o amor, que seja a amizade. Porque sempre haverá alguém que considere a nossa grandeza acima do que todos são capazes de ver ou obter ao estarem conosco. A grandeza de Gatsby está em seu coração.
Gatsby e Carraway: A amizade está no valor que o outro é capaz de depositar em você, sem querer absolutamente nada em troca.
Fonte das imagens com frases do livro: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-141808/
A vida de Anne Lindfjeld
Desde que eu era pequena eu queria ter tatuagens. Mas não até os 21 anos, nessa época fiz a primeira. Nas costas, imaginei três dragões que serpenteiam em um coração. Custou 3.100. Quando me mudei para Copenhague, fiz tattoos no braço direito e interior, no outro braço e pescoço. De repente me tornei viciada, nunca imaginei que chegaria nesse ponto.
Eu cresci em uma casa em Haderslev, minha mãe era uma dona de casa. Eu não fui para o jardim de infância, ficava em casa com ela e as crianças. Minha mãe é como eu sou, uma pessoa de coragem e meu pai é um companheiro incrível. Eu gostava de andar com ele no caminhão passeando pela Dinamarca. Eu era uma pequena garota que entrou no caminhão enorme e eu quase podia construir um forte dentro dele enquanto estávamos dirigindo. Meu pai também foi muito criativo e construiu carros Soapbox e uma cama oca sob o teto. Nenhum dos meus pais eram tatuados, mas meu avô era um marinheiro.
Irritada com a música: Quando Anne estava com raiva de sua mãe, ela bateu a porta com força e ouviu Rage Against the Machine em plena explosão de fúria. Era o contrário do lixo de música do Smashing Pumpkins.
Filmes: O Corvo, onde o ator Brandon Lee morreu durante as filmagens.
O primeiro beijo e namorado: Na quarta série, ela conseguiu seu primeiro namorado, que ela beijou na boca. Em seguida, eles jogaram Nintendo juntos.
Seu Futuro sonho: Era se tornar piloto de rali, motorista de caminhão ou cabeleireira.
Fui para a escola nos primeiros oito anos, mas mas depois fui para Skibelund School e foi incrivelmente legal. Lá eu aprendi muito sobre a comunidade, estar longe de casa e cuidar de si mesma. Lá era proibido beber,mas fumar era OK. Portanto, eu fumava um monte de cigarros – uma ideia estúpida, eu já parei há muito tempo.
Eu tinha sobrancelhas horríveis nessa época. E a cor cereja escuro do cabelo estava prestes a sair. Se eu já era paquerada pelos caras? Sim, mas eu não me interessava muito. As minhas amigas saíam muito mais com os caras que eu. Eu era do tipo que se apaixonou apenas por um cara e depois foi tudo.
Pela primeira vez, eu estava realmente apaixonada quando eu conheci um cara que estava em uma instituição em Haderslev. Ele foi enviado para Jutland, porque agora ele tinha que se comportar. Eu não sei qual era o seu problema, mas eu achava que ele fazia sopas incríveis e deliciosas.
Ele tinha 18 anos e eu 14 anos, minha família pensou que era uma péssima ideia. Eu o conhecia há três ou quatro meses, mas ele e seus amigos bebiam e usavam drogas. Eu já vi muitas pessoas inteligentes que estragaram o seu futuro, de inteligência e oportunidades de emprego, porque eles fumavam maconha, drogas ou comiam cogumelos.
Mas eu não acredito que só posso me apaixonar por “bad boys”, eu provavelmente poderia me apaixonar por um físico nuclear super-inteligente. Mas eu gosto que os caras tenham um pouco de vantagem em seus olhares, sejam eles magros ou gordos. Eles só precisam de atitude, carisma e confiança.
Eu nunca fiquei à toa na escola e fiz a minha parte. Infelizmente tive alguns professores tolos, que às vezes me colocavam fora da sala. Mas as horas passavam devagar, isso era chato. Eu tinha ótimas notas, especialmente em Dinamarquês.
A primeira vez que estive na TV foi em uma publicidade para as páginas amarelas. Eu fico irritada pois esse trabalho é constantemente lembrado, mas ganhei apenas 5.000 kr. E não é muito quando eu penso em todas as coisas que eu estava passando com os homens que vinham me ver no meu trabalho e escreviam mensagens assustadoras através do número das páginas amarelas. Eu tive que desligar o telefone duas vezes e lamento não ter ganhado muito com isso.
Adaptado do noticiário BT, reportagem de Simon Riedel – 31/10/2009
Utilização do termo whore no universo alternativo
“Você me ama por tudo aquilo que você me odeia!”
(Maria Brink)
Uma variação de whore seria a palavra “bitch”(cadela) , usada para denegrir (quase sempre) uma mulher. Serve para xingar uma mulher chata ou desagradável; pode significar prostituta (como é muito comum no rap americano). O uso da palavra no rap é bastante polêmico, pois nem sempre tem uma conotação negativa. Depois da popularização do uso do termo pelo Jesse na série “Breaking Bad” ganhamos uma certa afeição pela palavra porque ela é oriunda das ruas, inerente ao rap . “Yo, bitch”. E ainda, pode ser usada no contexto feminista, significando uma mulher forte que pode fazer os homens (e mulheres) se sentirem ameaçados. A palavra também é usada para xingar homens, sempre em tom de brincadeira embora seja ofensivo, porque significa que o homem é submisso ou desagradável.
No contexto sociológico, uma das explicações para o termo ser tão popularizado está em vários acontecimentos, entre eles o surgimento da “Marcha das Vadias”. Em janeiro de 2011, ocorreram diversos casos de abuso sexual em mulheres na Universidade de Toronto. O policial Michael Sanguinetti fez uma observação para que “as mulheres evitassem se vestir como prostitutas/vadias (sluts, no inglês original), para não serem vítimas”. Isso provocou a reação das mulheres que começaram a usar roupas de “vadias” para protestarem criando a Marcha das Vadias como forma de criticar a questão das mulheres não poderem se vestir como desejarem sem serem chamadas de vadias ou culpabilizadas por estupros.
A maneira como as mulheres se vestem ou tratam de sua aparência é polêmica nas diversas sociedades, visto que é uma questão sociológica e antropológica. De qualquer maneira, nenhuma mulher deve ser culpabilizada/criticada pela maneira como se veste, pela forma do seu corpo ou por suas escolhas. Isso é preconceituoso.
Outra forma de enxergar a popularização de tais termos seria podemos entender a figura da mulher através do arquétipo da “Grande Mãe”, que apresenta uma face divina e outra terrível. Erich Neumann em a “grande Mãe” apresenta o lado bom da mulher como um simulacro de Sofia, Maria e Demeter que representam transformação positiva, renascimento e criatividade. Por outro lado, a porção terrível da mulher seria identificada com Lilith e Medusa, além de outras fortes figuras arquetípicas que identificam a mulher pelo erro e pecado.
Como Ovídio declara, Medusa era originalmente uma bela donzela, com muitos pretendentes. Ela era sacerdotiza do templo de Atena. Medusa teria cedido às investidas de Poseidon, deitando-se com ele no próprio templo de Atena. Atena enfurecida, transformou os belos cabelos de Medusa em serpentes e seu lindo rosto em uma forma horrível. Todos homens que a contemplassem virariam pedra. Perseu descreve a punição dada à Medusa como merecida e justa.
Na literatura, como por exemplo na história de Eça de Queirós, “Os Maias”, Maria Monforte é a filha de um rico negociante de escravos açoriano, conhecida ofensivamente como “negreira”. Na história ela é uma mulher muito bonita que choca a sociedade com suas “toilettes” excessivas e teatrais. Outro personagem da história, Afonso da Maia (pai de seu marido), chama Maria Monforte de prostituta. Maria Monforte, uma mulher dominadora, consegue que aquelas mulheres invejosas de sua beleza e seus vestidos, que a chamavam “negreira” por ser filha de negociante de escravos, venham em seu palacete e a considerem amiga. A personagem rompe seu casamento nobre que a fez ser aceita na sociedade em troca de uma vida errante e imprevisível. Maria Monforte foge com Tancredo, o amante para a Itália, levando também a sua filha. Tancredo era anteriormente um estranho que seu marido Pedro feriu acidentalmente e recolheu em sua casa. Seu marido, Pedro não aguenta tal desilusão, comete suicídio. Como não poderia deixar de ser, Maria de Monforte terá que carregar o peso na consciência da morte do marido pelo ocorrido. A punição por ter feito o que fez. Ela paga o preço de sua ação, tal como Medusa em Ovídio. A beleza gera traição.
Maria de Monforte, interpretada por Simone Spoladore na série exibida na televisão.
Maria de Monforte, talvez tenha extendido seu domínio indiretamente na criação de diálogos interessantes sobre os estereótipos que dominam a imagem da mulher contemporânea, entre elas o estereótipo “whore/ bitch/slut”. Como Meredith Brooks diria em sua música “Bitch”, em uma mulher (real), há espaço para várias personalidades em uma só. Ela exerce diversos papéis e nunca pode ser avaliada apenas no contexto de sua aparência e atitudes.
Em um contexto atual e muito mais maduro que o seu passado como musa teen (na minha opinião), Britney Spears nos faz uma série de indagações sobre o papel da mulher contemporânea, que além de trabalhar tem que ser linda e ainda ter um bom padrão de vida. Ela nos faz uma série de indagações que na verdade são coisas que a maioria das mulheres gostariam de ter para em seguida dar um “banho de água fria” ao dizer que basta trabalhar. E trabalhar aí não é só o contexto do ter uma profissão e ganhar dinheiro, mas se esforçar para conseguir o que quer.
“Você quer? Você quer ser gostosa? Você quer um Bugatti? Um Maserati? É bom trabalhar, “bitch”. Quer uma Lamborghini? Beber drinks chiques? Ficar gostosa num bíquini? É bom trabalhar “bitch”. Quer viver sofisticadamente? Viver numa mansão? Farrear na França? É bom trabalhar, “bitch””. (Work Bitch – Britney Spears)
Depois de manter a postura de mulher alfa em diversos vídeos, pela vida pessoal podemos perceber que Britney sofre a mesma pressão de todas as mulheres.
A cantora de hip-hop Iggy Azalea tem uma origem humilde, já foi faxineira antes de conseguir sucesso com sua música, vem corroborar a questão do trabalho como fruto de conquistas. E bate na mesma questão das marcas como um fator determinante na influência social de uma mulher.
“Andei uma milha nesses Loubotins/Eles não usam essas merdas lá de onde eu venho/ Eu não estou odiando só estou dizendo/ Quero que você saiba das merdas pelas quais passei/ (…) Três empregos e anos guardando dinheiro/ mas consegui comprar uma passagem para aquele vôo/ As pessoas tem muito para dizer/ Mas não sabem de nada onde eu fui criada/ Ou sobre a quantidade de pisos que eu tive que esfregar/ Só para deixar o passado para trás/ Sem dinheiro, sem família/ Dezesseis anos no meio de Miami/ Eu passei noites em claro tentando me tornar rica/ trabalhando, trabalhando em minha merda (música)/ Agora receba minha merda (música)/ Você pode amar ou odiar isso/ Me esforçar e lutar são as únicas coisas nas quais eu confio/ (…) Minha paixão era irônica e meus sonhos incomuns)/ (…) Acho que fiquei louca, meu primeiro acordo me mudou/ Quase pensei em roubar cegos na rua/ (…) Essas coisas só me deixaram mais durona e má/ Sem muitos resultados!/ Então tentava com mais esforço/ Odeio ser desconsiderada, mas a Indústria levou minha inocência/ Tarde demais agora estou no jogo, bitch/ (…) Jurei lealdade às minhas lutas/ Não tem sido fácil ” (Work – Iggy Azalea)
No cenário alternativo, poderíamos citar duas mulheres que estenderam seu domínio sobre o termo “whore/slut/bitch” dentro da música. Na verdade são muito mais, mas quero me prender à essas duas. Courtney Love que popularizou o estilo kinderwhore e Maria Brink, que colocou “Whore” como título de uma música e tem usado o termo em suas performances de shows.
Courtney é conhecida por suas posturas nada convencionais, não tem vergonha de seu próprio corpo, o que a torna bonita (embora talvez não seja o tipo de mulher que a sociedade considere bonita, principalmente a sociedade brasileira que parece valorizar a beleza apenas tendo em vista o corpo da mulher), usa maquiagem e roupas extravagantes (lembrou de Maria Monforte e suas toilettes excessivas e teatrais?). Maria Brink também compartilha dessa característica de Maria Monforte.
Courtney canta em sua clássica Celebrity Skin ainda no Hole:
“Ah, me supere!/ Eu sou tudo o que quero ser/ Um estudo em andamento/ Em demonologia/ Ei, eu estou tão feliz por você ter conseguido/ Agora você realmente consegue/ (…) Ah, olha a minha cara/ Meu nome é “poderia ter sido”/ meu nome é “nunca foi”/ Meu nome é “esquecida”/ Ei, estou tão feliz por você ter conseguido/ Ei, agora você realmente consegue/ Ei, só falta a gente agora/ Quando acordo, na minha maquiagem/ Muito cedo para esse vestido/ Murcha e fraca em algum lugar de Hollywood/ (…) porque agora você é uma estrela/ Oh, Cinderela, elas não são “sluts” como você/ Belo lixo, belos vestidos/ Você consegue levantar ou simplesmente cairá?/ É melhor você tomar cuidado/ Com o que deseja/ É melhor valer muito a pena/ Para morrer por isso” (Celebrity Skin – Hole)
Nessa música ela compartilha o sentimento de nunca ter sido vitoriosa e ainda comenta o fato dos outros conseguirem. Agora só faltar ela conseguir algo. Além disso observa de maneira irônica o fato de outras moças serem como princesas intocáveis e ela ser um outro tipo de “princesa” (Oh, Cinderela, elas não são “prostitutas/vadias” como você). Isso é fortalecido pelo fato dela falar que acorda com sua maquiagem e que é muito cedo para tal vestido. Posso imaginar que essa música tenha surgido do fato de Courtney ser imensamente criticada anos atrás, pois mesmo tornando-se famosa vestia roupas de brechó, sem as marcas de famosos estilistas, embora tivesse seu estilo próprio, o kinderwhore. Além disso ela não possuía a postura esperada para uma “estrela”, visto que sua vida pessoal sempre foi conturbada.
Já Maria Brink usa o termo whore no contexto original, significando prostituta.
Sei que não é uma postura de todos os homens, porém alguns ainda fazem questão de tratar a mulher como se fosse sua propriedade e apenas tendo em vista o sexo. Se a mulher encara o sexo com liberdade ela acaba sendo taxada de prostituta, se ela se recusa a ser mais liberal ela também é criticada. Quanto aos homens, o rótulo de conquistador é incentivado, enquanto a mulher deve conter sua sexualidade ao máximo. As mulheres tem medo de ficarem mal faladas e para isso é preciso muito pouco. O fato é que mesmo a mulher que não é tão liberal mas tem aparência que talvez sugira isso é criticada. Uma mulher não pode ter orgulho de sua própria aparência ou ela corre o sério risco de ser chamada de imoral ou burra, porque valoriza somente a aparência. Como se as mulheres lindas e sexys não pudessem ser também inteligentes. Quer ver um exemplo? Se a mulher gosta de um estilo mais sexy, sempre julgam que ela está se insinuando para alguém. Chega a ser absurdo, mas até nossos olhares (como mulheres) devem ser concentrados, para não acharem que estamos dando moral para alguém. Ou seja, a mulher foi inteiramente criada para ser submissa ou ela será uma prostituta. Digo novamente que isso não é culpa dos homens, mas de homens e mulheres que teimam em julgar os outros pela aparência. Homens são criados por mulheres (principalmente), se sua conduta é inadequada, talvez a própria mãe tenha influenciado nisso. Eu lembro do filme “O Jardineiro Fiel” do diretor Fernando Meirelles, em que a atriz Rachel Weisz interpreta Tessa Quayle. Tessa é uma ativista de direitos humanos, casada com um diplomata. Por sua conduta liberal em diálogos com homens ela é taxada como “fácil” e até seu próprio marido desconfia de uma traição. Ele, o marido também é influenciado pelos amigos, que pedem para que ele freie os impulsos de Tessa, que costuma ser idealista e defender os direitos alheios. Porém descobrimos que nada disso procede e que isso é apenas preconceito vindo de sua beleza e conduta de igualdade para com os homens. Passamos a admirá-la, mas para isso passamos pela insegurança de imaginar que ela seria uma “whore”, antes de descobrir que ela é um exemplo de mulher. Descobrimos que todos merecem uma chance, mesmo que nosso conceito de moralismo nos impeça de ver o lado bom das pessoas.
O marido (Justin Quayle, interpretado por Ralph Fiennes) de Tessa dialoga que ela precisa manter distanciamento, porque não dá para ajudar todas as pessoas. Em uma negativa pela mulher querer dar carona à três pessoas de uma família que vão andar quilômetros à pé. Justin: – São milhões de pessoas e todos precisam de ajuda. Tessa responde: – Sim. Estes são apenas três pessoas.
Distopia Redimensionada: A Influência Greco-Romana de Jogos Vorazes
Hoje os gêneros que fazem mais sucesso são as fantasias medievais, com referências à mitologia germânica e nórdica e a ficção científica, frequentemente focada na distopia. O primeiro gênero nos estimula o escapismo, o segundo nos traz à realidade. Vá ao cinema hoje e veja quais seus principais cartazes: Hobbit promove sua continuação em dezembro, a continuação de Thor está em cartaz, assim como o segundo filme da trilogia Jogos Vorazes (Em Chamas). E é desse último que pretendo falar aqui. Jogos Vorazes é uma distopia com elementos steampunks/cyberpunks (minha opinião), misturando elementos vitorianos new wave, anos 40 e ainda, elementos greco-romanos. É muita coisa para minha cachola de uma vez só, muita riqueza de informação para assimilar! Portanto me perdoem fãs da trilogia, tanto dos livros quanto dos filmes, se eu me esquecer de alguma coisa ou acabar não abordando algo.
Jogos Vorazes (The Hunger Games) foi escrito por Suzanne Collins que teve a ideia enquanto zapeava canais e viu em um canal um reality show e em outro cenas da guerra do Iraque. A narrativa acontece em um futuro não definido em que a América do Norte é destruída. Há uma cidade principal, Panem e doze distritos pobres definidos numericamente de 1 à 12. Havia um 13º distrito que foi eliminado nos chamados “dias escuros” por seus habitantes terem se rebelado. Para evitar novas revoltas e lembrar o poder da capital foram criados “Os Jogos da Fome” (Jogos Vorazes), uma competição que acontece todo ano sendo transmitida pela televisão para todos habitantes de Panem. Para os jogos, no chamado dia da “Colheita” são escolhidos dois jovens entre doze e dezoito anos de cada distrito. Esses jovens, chamados de tributos, precisam lutar um com os outros até a morte, sendo que só pode haver um sobrevivente entre todos.
Jogos Vorazes explora aspectos reais do exército romano em termos de combate como o termo arena, que nos faz lembrar muito dos combates no coliseu ( o que fica mais evidenciado no “Em Chamas” quando os personagens combatem com animais e elementos naturais) e desfiles em bigas ao mesmo tempo que remonta figuras mitológicas gregas como Teseu, embora Diana (Ártemis em grego), tenha muito mais a ver como deusa personificada na figura heróica de Katniss Everdeen. Katniss possui muitas características de Diana em sua personalidade, é a caçadora arisca e selvagem, muito habilidosa no arco e flecha além de se locomover com facilidade na floresta. Além disso, Diana aparece como deusa indiferente ao amor (que é o que Katniss aparenta, embora não seja assim). Havia vários templos de culto à Diana, o sacerdote deveria ser um escravo fugitivo que matasse seu antecessor em combate.
O desfile nas bigas em Jogos Vorazes
Diana/Ártemis e Katniss: muitas semelhanças
Os gladiadores eram lutadores que participavam de torneios de luta em Roma na Antiguidade. Eles possuíam origem escrava e eram treinados para os combates que serviam como entretenimento para os habitantes de Roma e províncias. Os gladiadores usavam várias armas tal como em Jogos Vorazes, lanças, espadas, flechas, tridentes e outros. Os combates aconteciam na arena, a mais famosa arena foi o coliseu. As lutas terminavam quando um deles morria. É impressionante como Jogos Vorazes se inspirou na política do “Pão e Circo” da sociedade romana, dar entretenimento à população para se esquecerem dos demais problemas sociais, mesmo que esse entretenimento seja a morte. Não é surpreendente pensar na atração do ser humano pela desgraça alheia, quando pensamos por exemplo que os famosos museus de cera nasceram da ideia das pessoas entrarem em necrotérios para saberem como alguém havia morrido e ver seu corpo post mortem, apenas como entretenimento.
Os habitantes de Panem segundo Katniss: “- Enquanto passamos fome no Distrito 12 eles vomitam para poder comer mais”.
Enfim, voltemos à ideia dos romanos, também os gladiadores recebiam patrocinadores, isso tornava os combates mais emocionantes e depois de sua vitória eram recebidos em toda sua glória como se fossem heróis, ganhavam inclusive uma pensão. É interessante lembrar que uma das maiores revoltas da Roma Antiga foi levada à cabo por um ex-escravo e gladiador chamado Espártaco, essa revolta chamada de “Terceira Guerra Servil” teve participação de mais de cem mil ex-escravos.
Os ganhadores dos Jogos vorazes possuem muita coisa em comum com os gladiadores
Tal como Espártaco, Katniss também é forjada à liderança popular, quando quebra uma das regras principais dos jogos. Há uma inversão dos valores primordiais dos jogos, ao invés de ser entretenimento puro e simples se torna uma ameaça, visto que uma jovem de 16 anos pode quebrar as regras então o povo também pode. E nessa lógica o “Pão e Circo” perde sua função. Mas cuidado Katniss, como Orwell profetizou em 1984, o grande irmão também te observa.
Presidente Snow para Katniss: – Convença-me !
Quando você estiver na arena, lembre-se de quem é seu verdadeiro inimigo, como diz Haymitch Abernathy.
Katniss Everdeen é uma espécie de messias, um símbolo de luta do povo. Como em todas as revoluções, levadas à cabo por pessoas do povo e pensadas por intelectuais, vemos que Karl Marx nunca esteve tão certo em afirmar que os homens fazem sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. Peeta Mellark e principalmente Katniss são jogados como papéis ao vento pelo destino, parece que quanto mais o Estado se dá conta de que tem um problema identificado na figura de Katniss, mas ele se enrola ao perceber que o povo ganha mais força na figura da humilde porém corajosa heroína. E nisso ela realmente tem a ver com a figura do herói Teseu. O significado de Teseu é homem forte por excelência, o que poderia ser aplicado à Katniss sem problemas. Afinal ela se entrega como tributo no lugar de sua irmã Prim, sofre com a perda de pessoas que ama mas ainda assim sua força nunca esmorece. Peeta Mellark é o rapaz de coração puro e muitas força. Ainda que Katniss não perceba inicialmente, tem muito mais em comum com ela do que ela pensa.
Peeta: “- Quero mostrar que eles não são meus donos, e se for pra mim ter que morrer, quero morrer do meu jeito.”
Outro elemento interessante em Hunger Games é o tordo, descrito no livro como um cruzamento entre rouxinol e um pássaro espião geneticamente modificado chamado gaio tagarela. Katniss se refere aos pássaros como engraçados, uma espécie de tapa na cara do Capitólio. O animal foi criado pelo Estado para vigilância, uma espécie de gravador biológico, escutavam conversas e depois retornavam. Após as pessoas perceberam o que acontecia, que os animais eram espiões, eles foram abandonados pelo Estado para morrer de fome na floresta. Porém os animais, cruzaram com rouxinóis e tornaram-se mais fortes resultando em um canto parecido com o dos humanos. O simbolismo disso é evidente, as criações do governo que acabam resultando em fracasso são símbolos de que o governo totalitário também pode falhar ao exercer domínio. Nesse ponto o tordo é semelhante à Katniss não por acaso ele é seu símbolo, tanto na questão da sobrevivência na selva quanto pelo fato de ser indesejável para o Estado. Isso fica evidente quando Rue morre, imediatamente o canto do tordo vira também um símbolo de luta, já que é através da comunicação do tordo que Katniss e Rue se comunicam. O Distrito 11 se revolta, visto o que aconteceu com Rue.
Além disso, o vestido de Katniss idealizado por Cinna, tem o simbolismo da chama que ao final é finalizado em um tordo em “Jogos Vorazes – Em Chamas”. Imediatamente a ousadia da criação é percebida pelo presidente, Cinna é severamente punido.
“- Além disso, não é da minha natureza cair sem lutar, mesmo quando as coisas parecem insuperáveis.”
É muito recomendável acompanhar a trilogia através dos livros e dos filmes, há muito tempo não havia uma ficção científica tão inteligente focada no público jovem.
O Estilo de David Lee Roth
Tem umas bandas que eu nunca deleto do meu mp3 porque são clássicas e a gente sempre acaba voltando nos clássicos porque são o que há de melhor. Van Halen para mim é uma dessas bandas!
Os talentosos caras do Van Halen, Alex Van Halen, Michael Anthony, David Lee Roth e Eddie Van Halen. Os irmãos Eddie e Alex foram os fundadores da banda.
David Lee Roth era lindo (ou sabia se mostrar como lindo, o que é mais difícil do que nascer bonito) e sabia rir de sua própria cara, o que o tornava ainda mais atraente. Ele era um contraponto do Sebastian Bach (Skid Row) por exemplo, que tinha um jeito mais blasé. Sebastian Bach é o galã, David Lee Roth era o cara divertido. Claro que não havia somente eles, havia David Coverdale (Whitesnake) e outros caras tão bons quanto os que já citei…mas aí já é outra história. Todos eram sérios demais em comparação ao Van Halen. Hard rock não é memória, ele está vivo e continuará vivo, seja da maneira de hoje ou revivendo a sua época, porque simplesmente ele nos levanta, ele é para cima! Assim como Van Halen. A atitude divertida de David Lee Roth foi um grande chamariz para banda, assim como suas performances no palco, seus pulos e coreografias. E ainda conseguiam cultivar o virtuosismo instrumental do rock. Também é um alento ouvir as músicas do Van Halen, como por exemplo “Runnin’ with the devil” e se identificar com partes assim (depois daquele dia inteiro que você passa trabalhando e suando):
“Você sabe, eu descobri que a vida simples não é tão simples/ Quando eu pulei fora, naquela estrada/ Eu não tenho amor, nenhum amor que você chamaria de verdadeiro/ Não tenho ninguém esperando em casa(…)”
Enfim, Van Halen foi uma combinação de elementos que deu muito certo e um desses elementos era a roupa, especialmente de Diamond Dave que era espetacular em todos os sentidos. Quando eu penso em hard rock eu penso no Van Halen, não porque eles foram precursores ou tinham o estilo mais legal, mas porque mais ousavam nas combinações. Em especial David Lee Roth, usava as roupas para se destacar. Tem gente que o adora até hoje, como o Justin Hawkins (O Estilo de Justin Hawkins) do Darkness (antes isso era muito mais evidente em seu visual do que atualmente).
David Lee Roth e seu estilo hard rock: existia muitos com o estilo parecido, mas só ele tornava o hard rock único.
Bronze na pele, cabelo loiro claro com raiz escura, bandana no pescoço, na perna, no braço, luvas, calça com estampa de girafa, bota apache…Quem usaria todos esses elementos juntos e ainda continuaria atraente? David Lee Roth, com certeza.
Pulseiras de madeira? Você já usou isso em um visual hard rock original? David Lee Roth sim.
Um visual mais simples com jaqueta de couro e uma das calças com amarração frontal que ajudou a popularizar.
Jaqueta prateada, cinto e a mesma calça postada acima.
Ele também gostava de calças com bastante brilho.
David também adorava estampas bem coloridas, como dessa blusa e da calça. Toda vez que vejo uma estampa de bicho, ainda mais nesse tom laranja, amarelo, pink ou roxo, eu me lembro do Van Halen. E olha para essas pulseiras coloridas!
Com um estilo mais simples (ele é o segundo da esquerda para direita): jeans, blusa, bandana no pescoço e bracelete.
E olha o que eu achei, ele e o Steve Wozniak. Depois dessa passei a admirar o co-fundador da Apple ainda mais.
Jump!
E ele ainda pula como nos anos 80…