O estilo de Lil Peep
Quem foi Lil Peep? Muita gente pode estar fazendo essa pergunta, agora que a morte de Gustav Ahr anda pela mídia, instagram, sites e youtube… o cara era rotulado como “futuro do emo”. Na verdade emo é a maneira que as pessoas encontram de rotular coisas que não podem ser nomeadas. Enfim, Gustav Ahr tinha um estilo bastante peculiar, que mistura elementos de rap e hip-hop com o estilo punk e emo. Eu o vejo como um crust punk com elementos hip-hop e rap (tanto nas tattoos quanto nas roupas). Sobre as cores, isso também é uma herança do hip-hop old school que se prendia muito mais às cores vibrantes e elementos escandalosos, como o Public Enemy. Infelizmente essa herança anda um pouco perdida. Quem acompanha a 1 KG por exemplo, percebe que os caras estão muito mais próximos do estilo hardcore, usam muito preto (mas isso é assunto para um próximo post). Enfim, o próprio Lil Peep fala que não tem um estilo certo para se vestir, ele era muito copiado na época de colégio e absorveu que deveria estar sempre mudando. A única coisa que importa para ele é parecer o mais punk possível.
Legendado por Kobane, Lil Peep explicando suas tattoos e estilo
Sobre a música, ah isso é bem louco…tal como o estilo. Especialistas falam que ele faz trap, um estilo instrumental experimental, que incorpora sons e onomatopeias, sintetizadores e até mesmo instrumentos de corda para criar uma atmosfera triste, sombria, cruel e sinistra. A herança do Lil Peep também alcança o pós-punk e gótico, influência assumida em suas roupas e títulos de músicas. O cara, como todo jovem de seus vinte anos é diretamente ligado na cultura de massa (e a viralização da internet e redes sociais, inclusive como plataforma de trabalho e sucesso), tendo em suas músicas títulos de quadrinhos (como a excelente Hellboy, personagem em que ele se declara fã).
Trecho da música HellBoy
O emo também é grande influência para Peep, que gosta de “My Chemical Romance” mas vejo que muitas vezes ele soa como “Good Charlotte” (tanto nas referência de videoclipes quanto na música). Ele é fã de “Joy Division” também e podemos notar muitas referências pós-punk em seu trabalho. O conteúdo do trap também um prato cheio para o rap (e para Lil Peep), possui temas como vida cotidiana, pobreza, sexo, desiguadade social, religião, violência, dificuldades e experiências do rapper na sua vida urbana. E isso Lil Peep fazia muito bem: contava experiências de vida, vazios existenciais gerados pela ausência de um amor verdadeiro (e excesso de pessoas “interesseiras” agora que havia alcançado sucesso, além do vício em drogas, a depressão, a maneira como a sociedade encara quem não se encaixa – para isso ele usa além dos lugares-comuns, o tema bruxaria em suas músicas. Então fica bem forte a questão do modernismo, o materialismo e consequente niilismo, gerado pelo esvaziamento e descentramento de um sujeito que clama por ajuda (e está aí algo para pensar, muitas vezes ele fala sobre depressão e problemas com drogas em suas músicas), tal como Kurt Cobain (que ele era fã). Dois jovens que são produtos (e vítimas) de uma sociedade alienada, que trata tais assuntos com desdém (apesar de glamourizar isso o tempo todo).
Trechos da música “The Brightside”
Trecho da música “No Respect freestyle”
Lil Peep também era bem crítico em relação a ostentação. Na mesma música (“Benz Truck”) ele se vangloria de ter um jipe “Mercedes Benz”, a mulher e os amigos que quiser, para logo depois em uma cena do videoclipe aparecer sozinho em um lugar idílico, com uma igreja ao fundo (inclusive um túmulo). Em outro trecho, posterior a ostentação, ele aparece dentro da Igreja. Ao fundo, ícones cristãos em um vitral. A crítica ao materialismo fica bem clara pelo retorno a metáfora visual extremamente forte que faz referência a morte. Como se não bastasse, a placa “All Alone” atrás dele quase no final do clipe.
Ele diz que todos o odeiam (provavelmente pela fama e dinheiro) e fala com humildade que o dinheiro que ele ganha nunca vai mudar quem ele é.
Lil Peep fazia parte coletivo do GBC, o Goth Boi Clique junto com outros caras, de nomes e estilos tão interessantes quanto ele: Wicca Phase (também adoro a vibe pós-punk dele), Lil Tracy, Horse Head e Cold hart. Esse coletivo teve a intenção de misturar emo, gótico e rap/hip-hop, se possível com mais experimentalismo e ruídos.
Lil Peep, Lil tracy, Wicca Phase, Horse Head e Cold Hart: Goth Boi Clique
Vamos ao estilo do rapaz? Amo demais! Lil Peep era apaixonado por moda: bonito, alto e magro era queridinho de estilistas pela originalidade do seu visual e suas tattoos.
Lil Peep na passarela e uma clara crítica ao endeusar astros depois da morte: “Quando eu morrer, vocês vão me amar”.
Essa é do início da carreira do Lil Peep, bem novinho. Ele começou em 2015.
Lil Peep já teve franja mais longa e cabelos coloridos, que fazem a gente lembrar bastante da onda emo de anos atrás.
Camiseta com referência pós-punk (Joy Division)
As referências cholo e a ostentação do hip-hop sempre presentes: diamante nos dentes.
Ele também poderia soar como um clubber saído dos anos 90, tal como o Keith Flint (“Prodigy”)
Ou como um cholo
Ou como um cholo pastel goth (ele usava muito rosa)
As tattoos com referências excelentes: Tanto Ed Hardy (que fez o desenho da tattoo da sua cabeça) quanto ícones da cultura de massa, cholo e punks. Ele também possui tattoos com o tema “halloween” (pois nasceu na noite do dia 31 para o dia 01/11 – seu aniversário). Outras que chamam atenção, são as tattoos de suas músicas que fizeram mais sucesso: como “Cry Baby” e “Hellboy”.
Nesse video (por FeedTheLyrics), Lil Peep fala sobre Halloween e a vez que se vestiu de Gerard Way mas ficou a cara do Eminem, rs…
As referências ao halloween são variadas: os morcegos no pescoço, a abóbora no braço, a data do seu aniversário na barriga e as caveiras são algumas delas.
Um detalhe excelente de Lil Peep é que ele pintava as unhas de vermelho, eu achei isso muita ostentação! Aqui o estilo dele está mais atual e punk.
Um colete que mistura crust punk e pastel goth
No maior estilo rapper, com camiseta de time
Tênis nike customizado com “GBC – Goth Boi Clique”, seu nome e uma teia de aranha
Enfim, as referências de Lil Peep são as mais variadas. É dificil de rotular seu estilo ou encontrar um padrão único que se repete em suas roupas. Ele gostava de bastante rosa (às vezes no look inteiro), unhas pintadas de vermelho ou rosa, roupas camufladas, coletes punks, roupas esportivas (com pegada rap e hip-hop), elementos infantis como Hello Kitty e desenhos animados, entre outros.
Lil Peep merecia ter vivido mais, mas façamos juz ao seu legado. O cara era humilde, simples e amava muito sua família (especialmente sua mãe, com quem tinha uma ligação muito bonita). Escrever sobre ele foi minha homenagem ao “Goth Boi Clique” e principalmente Lil Peep, porque eu acredito que ele era um dos melhores do estilo que fazia e iria mudar profundamente o rock através do trap. Ele é a cara do universo alternativo moderno, que cada vez mais se torna fluído e propenso as mudanças.
Referências do Youtube: Tradutores Rodrigo Castro “Pills and Knives” e Kobane
Eu gostei muito desse texto que fala sobre um dos meus artistas favoritos 🙂 no final do texto eu comecei a chorar porque lembrei que nunca mais haverá alguem como o Gustav Åhr para revolucionar o mundo e a juventude. Gostei muito da maneira da qual você homenageou ele atravez de palavras. Eu gosto muito dele e todos meus amigos gostam também porque é nas músicas do Lil Peep que a gente consegue escapar dos problemas pessoais e nos divertir saindo juntos *__*
Beijos e parabéns pelo texto : )
Rest in peace lil peep
Fico feliz que você tenha feito uma homenagem ao seu artista favorito, isso é muito legal da sua parte.
Devemos sempre guardar as melhores lembranças daqueles a quem amamos para que eles nunca sejam esquecidos, porque a morte não é o fim mas apenas o começo.